Mr. Smith e os calouros

A cena se passou na Universidade de Oxford, num dos primeiros anos do século XX.

Os calouros da Faculdade de Humanidades (mais ou menos equivalente aos atuais cursos de Letras Clássicas) estavam reunidos, e o então Vice-Chanceler da Universidade, Mr. Smith, fez o seguinte discurso de boas vindas, tão breve quanto magnífico:

“Ao longo dos seus estudos aqui, os senhores não vão aprender muita coisa. Principalmente nada que se aplique à sua futura vida profissional.

Com uma exceção: aqueles que depois fiquem como professores desta Universidade, ou de algum dos Colleges de Humanidades. Estes sim aprenderão algo que lhes será útil.

E os outros? O que irão aprender para a vida? Nada, ou quase nada.

A única coisa que irão aprender será apenas isto: que quando alguém começar a falar — em qualquer circunstância (política ou a que for) — saberão pelo menos discernir se tal pessoa tem algo a dizer, ou não tem nada a dizer.

E no fim das contas, isso é o mais importante que se pode aprender na vida, e para a vida”.

 

O mesmo se pode dizer de todas as matérias Humanísticas.

Outro exemplo é o estudo da História.

O filósofo espanhol Álvaro D’Ors disse (ainda mais brevemente) o seguinte:

“A História não serve para nada, mas quem não sabe História, não sabe nada”.

 

O mais exímio cientista, ou tecnólogo, ou manager, se não tiver coração, será apenas um mísero zumbi, que mais atrapalha do que ajuda.

Para formar um coração, é preciso conhecer muitos outros, escolher o próprio estilo, e ter sempre diante dos olhos o que significa ser grande.